Segundo Hélio José (PMDB-DF), dois indicados dele no Executivo foram
demitidos após voto contra a reforma trabalhista. Ano passado, ele disse que
poderia nomear a 'melancia' que quisesse.
Por
Gustavo Garcia, G1, Brasília
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O senador Hélio José (PMB-DF) discursa na sessão da votação do processo de impeachment da presidente Dilma no Senado, em 2016 (Foto: Beto Barata/Agência Senado) |
O senador Hélio
José (PMDB-DF) disse nesta quarta-feira (21) que sofreu “retaliação terrível”
do Palácio do Planalto depois de votar contra o relatório da reforma
trabalhista na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) nesta terça (20).
Segundo o
parlamentar, depois da votação, duas pessoas indicadas por ele a cargos no
Executivo foram demitidas pela Casa Civil.
O relatório do
senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) favorável ao projeto foi rejeitado por 10
votos a 9 na comissão. Com o resultado, a CAS aprovou um relatório da oposição,
de autoria do senador Paulo Paim (PT-RS), contrário ao projeto.
Helio José é do
mesmo partido do presidente Michel Temer, que defende a reforma trabalhista
como uma das principais medidas do governo para a recuperação da economia. Se
ele tivesse votado a favor da reforma trabalhista, o texto teria sido aprovado.
Entre os
aliados do governo, a avaliação é de que José foi influenciado pelo líder do
PMDB no Senado, senador Renan Calheiros (AL), que vem contestando o Planalto
nos últimos meses.
“Retaliação
terrível [...]. Por defender a ética, votei de cabeça erguida em favor dos
trabalhadores ontem [terça], impondo uma derrota a esse projeto ridículo que
está sendo colocado”, afirmou Hélio José.
“A Casa Civil
demitiu duas pequenas indicações que eu tinha no governo: um diretor da Sudeco
[Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste] e um superintendente da
SPU [Secretaria do Patrimônio da União] de Brasília em uma forma claramente de
retaliação e de coação, e de fazer corrupção, e transformar o governo em um
balcão de negócios”, completou o parlamentar.
Melancia
Hélio José é
suplente de senador. Ele assumiu o mandato quando o titular, o governador
Rodrigo Rollemberg, do Distrito Federal, deixou o mandato para comandar o
governo distrital.
Em agosto de
2016, uma gravação fez o nome de Hélio José se tornar conhecido na política. Um
áudio, divulgado na internet, mostrava o senador defendendo a indicação de um
ex-assessor para o cargo de superintendente da Secretaria de Patrimônio da
União (SPU) no Distrito Federal. Na gravação, o político diz que nomeia "a
melancia que quiser" para o posto e que quem não "estiver com
ele" pode "cair fora".
"Isso aqui
é nosso. Isso aqui eu ponho quem eu quiser, a melancia que eu quiser aqui, eu
vou colocar", diz o senador em um trecho da conversa.
Nos trechos
divulgados, José comenta a indicação de um ex-assessor de gabinete, Francisco
Nilo Gonsalves Júnior, para o cargo de superintendente do órgão distrital.
"Ele
[Júnior] tem lado. O lado dele é o senador Hélio José, que é o responsável pela
SPU a partir de hoje. A partir de hoje, a SPU é responsabilidade minha, do
senador Hélio José, gabinete 19 da [Ala] Teotônio Vilela", diz o senador,
em referência à sala que ocupa no Senado Federal.
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